21.6.16

a data

Por algum motivo que me foge, tenho guardada na cabeça a informação que distingue o dia de hoje dos demais. É aniversário do melhor amigo de infância do meu único irmão. São 23:33, e foi só agora que eu consegui perceber isso.

Em cada novo dia, a primeira coisa que recebe minha atenção é meu celular. Não só durante as três ou quatro vezes em que aciono a soneca de cinco minutos, ou durante o momento em que acabo, finalmente, com aquele barulho estrondoso. Também, e por muito mais tempo, durante os quase vinte minutos que passo, ainda deitada, contemplando na tela as mais urgentes, coloridas, agradáveis ou inúteis informações. Fotos de pessoas que nunca vi, com nomes que não sei pronunciar. E-mails, newsletters, mensagens por vezes importantes. Ao redor de toda informação que consumi, lá estava: a data.
No meu celular, aliás, esse dado também aparece em destaque. Logo ali, embaixo de onde fico sabendo quantas vezes foi, que eu tive a sonolenta pachorra de apertar no botão da soneca em vez de acordar: ali, logo ali. As horas.

Passei o dia correndo atrás das tarefas anotadas. Eu tenho agenda, daquelas tradicionais, mesmo, que têm uma página numerada para cada 1365 do calendário gregoriano. Pintei de amarelo as tarefas mais imporatantes, consegui riscar algumas e anotar, ao lado de asteriscos, que já tinham surgido outras. Não consegui fazer todas elas - tinha planejado fazer macarrão, quando chegasse em casa. É só por na água, sabe? Alguns dizem que é legal por azeite, também. Pra não dar aquela grudadinha.
Não.
Estou aqui sentada, corcunda, contrariando os planos de ter uma rotina e uma colna vertebral mais saudável. Na agenda onde esses planos nunca sequer foram anotads, a data me encarou o dia todo e eu não vi

No trabalho, me lembrei de dar log off, antes de desligar o computador.

É aniversário do melhor amigo de infância do meu único irmão. São 23:55, e foi só agora que consegui perceber isso.